PESQUISAS

MESTRADO

(2019 - Atual) Quem tem medo da folia? Conflitos e negociações no processo de organização do carnaval de rua da cidade do Rio de Janeiro

Por Ana Paula Rocha

Resumo

O que está por trás da ocupação da rua no período do carnaval? A partir de esforços em torno deste enunciado é possível depreender que, para além dos confetes e serpentinas, uma série de articulações e negociações conflituosas integra o repertório de construção do carnaval de rua da cidade do Rio de Janeiro. A festa da carne se mescla aos sistemas burocráticos de emissão de documentos que validam ou não os pedidos de autorização para desfiles de blocos. Bem como às atas ou autos de processos resultantes de reuniões de grupos de trabalho, comissões e audiências públicas. Soma-se ainda às construções imagéticas presentes nas notícias midiáticas, no compartilhamento e proliferação de notas em redes sociais de blocos, associações de moradores, prefeitura e entidades públicas em geral. Tudo isso parece ser atravessado por um constante questionamento sobre quem, de fato, possui legitimidade e consequentemente está autorizado a utilizar o espaço público. Considero os distanciamentos e aproximações nos discursos de certos atores participantes desse ambiente de negociação, para citar alguns deles: as ligas e associações de blocos de rua, associações de moradores, as polícias militar e civil, corpo de bombeiros, a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro – Riotur e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Estabeleço, para fins de recorte, o ano de 2018 como marco temporal. Isso se dá uma vez que é neste ano que certa dinâmica no planejamento da festa é alterada: impulsionada por uma intensificação da violência no Rio de Janeiro no período do carnaval, uma intervenção federal é instaurada no estado dois dias após a quarta-feira de cinzas. Tal evento motiva novas tratativas em torno da festa catalisadas por debates em torno da segurança pública e violência urbana.

Palavras-chave: Carnaval de rua; Rio de Janeiro; Tradição; Violência urbana; Burocracia

(2018 - 2020) Entre o presente e o passado, o "futuro": o processo de urbanização da Barra da Tijuca (RJ)

Por Rodolfo Alves

Resumo

Esta pesquisa tem como tema o desenvolvimento urbano da cidade do Rio de Janeiro nos anos 1960, dedicada a entender a expansão urbana para Zona Oeste a partir da proposta do governo de ocupar e urbanizar a Baixada de Jacarepaguá, em especial a Barra da Tijuca. Para tanto, esta pesquisa analisa, na opinião pública, a concepção e os impactos sociais do Plano piloto para a urbanização da baixada compreendida entre a Barra da Tijuca, o Pontal de Sernambetiba e Jacarepaguá (1969) elaborado pelo arquiteto brasileiro Lucio Costa. Proponho uma análise etnográfica sobre documentos e arquivos históricos, fazendo uso de fonte jornalísticas e acervos documentais, pessoais e de instituições públicas. Entre o material analisado, destacam-se as reportagens do Jornal do Brasil (RJ), fotografias, material publicitário do mercado imobiliário e decretos governamentais. A análise concentra-se na construção discursiva desse território, com especial interesse no conjunto de textos jornalísticos onde apresentam-se avaliações e proposições para a região, que veio a culminar na proposta do plano piloto supracitado. Como proponente de uma “campanha pela salvação urbanística da Barra” nos anos 1960, o Jornal do Brasil é fonte e agente privilegiado desta pesquisa. Analiso as categorias simbólicas mobilizadas para construir os imaginários urbanos entorno da Baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, mapeando frequência e circulação dessas categorias nas reportagens do JB, sobretudo aquelas assinadas pelos jornalistas da Editoria de cidade deste jornal; e a ressonância dessas ideias em outros jornais do período analisado. Uma categoria simbólica que ganha destaque nessa pesquisa é “Rio do futuro”, que é constantemente mobilizada pelos agentes imobiliários para construir no imaginário urbano carioca a Barra da Tijuca como promessa de futuro da cidade do Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Rio de Janeiro; Barra da Tijuca; Jornal do Brasil; Desenvolvimento Urbano; Lucio Costa; Urbanização.

(2019 - Atual) A vida nos grandes condomínios: o estilo de vida “Barrense”

Por Rodrigo Cerqueira Agueda

Resumo

A presente pesquisa tem como objetivo investigar o novo “estilo de vida” que emerge com os grandes condomínios fechados da Barra da Tijuca, a partir da análise de uma possível relação dessa nova sociabilidade com a questão da violência urbana. A região da Barra da Tijuca foi palco de um intenso processo de urbanização a partir dos anos 70, se tornando o principal foco de investimentos imobiliários recentes na cidade do Rio de Janeiro. Tal processo ilustra novos fenômenos urbanos e tendências imobiliárias, principalmente das classes médias e altas, cujo maior reflexo são os grandes condomínios que se instalaram no bairro. A partir de um estudo de caso do Condomínio Novo Leblon, um dos primeiros lançamentos imobiliário do gênero, buscamos analisar fatores como dispositivos de segurança privada, o imaginário urbano atrelado à vida nos condomínios e elementos como planejamento urbano e interesses estatais e privados na reprodução dessa nova sociabilidade, a fim de melhor compreender a relação entre moradia e violência urbana atualmente no Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Condomínio; Barra da Tijuca; Estilo de vida; Violência Urbana; Sociabilidade; Segregação; Segurança.

(2018 - 2020) "Perdi minha casa, agora eu tenho outra vida": uma etnografia sobre sujeitos, casas e economias

Por Daniela Petti

Resumo

A presente pesquisa consiste numa análise dos impactos da política habitacional, tal como aplicada na cidade do Rio de Janeiro, sobre a vida dos moradores de favelas. Abordo de um ponto de vista etnográfico como as novas formas de morar, possibilitadas por políticas de valoração de casas e vidas, e produzidas pelo entrecruzamento da política de remoção de favelas com o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), inscrevem o cotidiano de moradores de favelas e periferias. O objetivo é ir além da questão das formas de governo pela casa, e compreender também os contornos de uma experiência de reassentamento marcada por inúmeros agenciamentos criativos dos sujeitos em relação com suas casas e economias. A casa, seja como objeto em torno do qual são suscitados diferentes regimes de valor, seja como espaço de subjetivação ou tomada a partir das continuidades entre a domesticidade e espaços de sociabilidade, emerge como lugar central para a análise da produção social, moral e política de um condomínio popular na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Sujeito; Economia; Casa; Favela; Condomínio; PMCMV.