PESQUISAS

DOUTORADO

(2018 - Atual) Cinema e a cidade em reinvenção: uma etnografia de um circuito da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro

Por Renata da Silva Melo

Resumo

Esta pesquisa tem por objetivo refletir sobre como um circuito de produção e difusão de cinema da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro tem participado de um processo de ressignificação da ideia de cidade a partir de diferentes mobilizações e representações das noções de centro e periferia. Para tanto, o trabalho tem como foco coletivos vinculados à Baixada filma, uma rede lançada em 2018 e que reúne grupos organizados em torno da reivindicação por mais políticas públicas para a área audiovisual na Baixada Fluminense, região marcada por diversos processos de precarização urbana. A proposta é seguir etnograficamente os passos de um circuito entendido como um conjunto de exercícios de sociabilidades e encontros (MAGNANI, 2002) a partir do qual busca-se pensar sobre a produção da cidade por atores diretamente envolvidos com a construção de imaginários urbanos.

Palavras-chave: Baixada Fluminense; cinema; representações; periferia.

(2017 - Atual) Muito além de uma “escola de referência”: etnografia de uma escola pública no Rio de Janeiro

Por Flora Moana Mascelani Van de Beuque

Resumo

Essa pesquisa desenvolve um estudo sócio antropológico a partir de uma etnografia em uma escola pública da rede municipal do Rio de Janeiro, considerada como uma “escola de referência”. A escola, localizada em um bairro da zona norte da cidade, atende cerca de 400 crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. Entre maio e dezembro de 2019 foram realizadas atividades cotidianas de observação-participante no local. Na fase de análise, tem-se buscado refletir sobre os sentidos, relações e práticas sociais e culturais que circulam em torno da construção desta “escola de referência”, considerando a participação de distintos atores sociais (como equipe, responsáveis e alunado). Interessante ressaltar que o objeto dessa pesquisa se delineou durante o trabalho de campo, a partir de elementos que surgiram na conversa com meus interlocutores: o fato dessa escola ser um espaço muito procurado e considerado de “referência” no contexto das demais escolas públicas. Segundo alguns interlocutores, principalmente adultos, esse “título” estaria relacionado ao bom desempenho da escola no exame nacional de avaliação escolar, à relação de proximidade estabelecida entre a equipe da escola e as famílias, à oferta de aulas extras, entre outras qualidades. A pesquisa tem refletido, então, sobre dos valores que dão sustentação à ideia de que essas são características importantes numa escola. Para meus interlocutores, parece central a eficácia na capacitação acadêmica e disciplinar dos alunos dentro dos códigos sociais mais hegemônicos da sociedade mais ampla. Para muitos responsáveis, uma instituição como essa também é sinônimo de poder garantir “um futuro” às suas crianças. Durante o trabalho de campo, no entanto, foi possível compreender que outros valores e práticas também ajudavam a construir a escola. O passado de “luta” da mesma era apontado por integrantes da equipe e por responsáveis como uma marca positiva. Para as crianças, por sua vez, era a “brincadeira” que ocupava o lugar central na sua qualificação do espaço. A diversidade existente no corpo escolar também se revelou uma chave importante para entender as diversas dinâmicas sociais e camadas de sentido existentes; como a instauração de tempos acadêmicos e afetivos menos produtivistas com a participação das crianças com “necessidades especiais”, ou no caso de uma menina que lutou para combater uma situação de racismo enfrentada com colegas de turma, ou de um menino que participa de uma Escola de Samba mirim e “vive batucando” na escola. Essas e outras questões têm contribuído para a reflexão sobre as muitas redes e sentidos que constroem uma “escola de referência”.

Palavras-chave: escola pública; educação; Antropologia da Educação; Antropologia Urbana.