PESQUISAS

 INICIAÇÃO CIENTÍFICA

(2019 - Atual) “Dois MCS vão cair no ‘bang bang’”: território e contexto sociocultural da Roda Cultural Viaduto de Realengo

Por Vivian de Almeida

Resumo

Este estudo tem como objeto a Roda Cultural Viaduto de Realengo, uma roda de rima semanal, que, conforme o Estatuto da Liga de Rodas Culturais do Rio de Janeiro, se configura enquanto um “encontro comunitário de livre manifestação da cultura hip hop, realizado em espaço público, sem qualquer restrição à circulação das pessoas e com responsabilidade de transformação de território”. Tal evento é percebido pela literatura enquanto um campo de luta pelos sentidos e significados sociais que possam ser alocados a eles, possibilitando a construção de uma identidade positiva e coletiva. A partir disso, procuro estudar os elementos simbólicos de interpretação e atuação partilhado no cotidiano de seus frequentadores e sua construção de subjetividade, analisando se existe, e como se coloca, um contraponto à estigmatização vivida pela juventude periférica. Por fim, essa investigação teve e tem como objetivo o estudo da construção identitária desses jovens a partir de um trabalho de campo com observação participante, no qual pude especialmente analisar as rimas enunciadas pelos MCs em meio às batalhas, descrever sua dinâmica e, explorando também a transformação desse território, observar como a localidade implica em todo o detalhe desse evento.

Palavras-chave: roda cultural; hip-hop; rap; estigmatização; território; urbano.

 

(2018 - Atual) Sentidos consolidados e pertencimentos disputados: o caso do condomínio Rio 2

Por Igor Carvalho

Resumo

O crescimento do Rio de Janeiro em direção à Zona Oeste fez da Barra da Tijuca o bairro que mais cresce na região metropolitana, sendo hoje um dos principais polos da cidade, ao lado de Centro e Campo Grande. Ao longo da ocupação da região no processo de expansão da cidade, um aspecto especialmente importante é a generalização de condomínios fechados como modelo de moradia. Constituindo-se como marca primária da urbanidade daquele espaço e das representações a ela associadas, os condomínios fechados são um fator importante para se pensar a sociabilidade e o “estilo de vida” que ali florescem. O que esta pesquisa se propõe a fazer é olhar mais de perto um empreendimento pioneiro nesse processo: o condomínio Rio 2, localizado em frente ao Parque Olímpico na Av. Abelardo Bueno. Lançado nos anos 90 pela Carvalho Hosken, uma das uma das principais proprietárias de terras no local, o Rio 2 entra na história da ocupação da área como o primeiro empreendimento consolidado da empresa na região e o princípio do que se torna uma série de condomínios fechados que vem a ser lançados pela mesma. Vanguardista na proposição da ideia de “condomínio-cidade”, o Rio 2 abre espaço para as sucessivas transformações colocadas posteriormente e para os mecanismos de construção do espaço que as acompanham. Assim, um estudo de caso desse condomínio e das representações por ele mobilizadas são importantes para a compreensão do fenômeno mais geral do qual ele é uma peça chave. Ademais, o Rio 2 se insere num contexto de expansão do próprio modelo de urbanização da Barra da Tijuca. Visto que se localiza numa região de fronteira entre bairros, as disputas atuais quanto ao seu pertencimento e os discursos que as acompanham parecem suscitar questões importantes para se pensar a ressignificação daquele espaço, já postos em jogo com o tema da “Barra Olímpica”. Para tal, a metodologia usada envolve análise documental de jornais (O Globo e Jornal do Brasil) e revistas (Grupo Coruja), além de pesquisas em redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram). Inclui-se também trabalho de campo que será realizado em locais estratégicos ainda a serem pensados.

Palavras-chave: Barra da Tijuca; Curicica; Estilo de vida; Expansão urbana.

(2019 - Atual) "Diga não ao Pilão": Uma pesquisa sociológica sobre valorações e estilos de vida nas cafeterias de "terceira onda"

Por Igor Perrut

Resumo

A pesquisa desenvolvida por mim visa analisar o consumo em algumas cafeterias da cidade do Rio de Janeiro, tendo como principais objetivos identificar as definições de valor e as formas de avaliação socialmente constituídas em torno do produto café, elencando os motivos pelo qual uma forma específica de consumo é preterida em relação à outras, delimitando um novo estilo de vida. Isso se dá porque, do ponto de vista da conformação de fronteiras simbólicas e sociais, o café tem surgido como mais um elemento abarcado pela cena gourmet desde meados dos anos 90 e, segundo o Programa de Estudo dos Negócios do Sistema Agroindustrial, nos anos 2000
o mercado de cafés é caracterizado pelo que se chama de “terceira onda do café”. Nossa principal hipótese gira em torno da noção de que o consumo nestes espaços aciona, indistintamente, valor comercial e engajamento moral: As pessoas optam por consumir segundo uma pluralidade de gramáticas de valoração que são ajustadas entre a construção do mercado pelos baristas e a frequência de consumo pelos indivíduos, que justificam essa escolha. Através da etnografia e de entrevistas semi-estruturadas, visamos compreender a atuação das formas de avaliação e circunscrições quanto ao que vale, se tratando de consumir e frequentar esses espaços. De um lado, analisamos como baristas atuam e conceituam suas cafeterias; de outro, consumidores serão entrevistados de forma a compreender por que e como nelas consomem. Como o consumidor de café das cafeterias da terceira onda se vê quanto a outros consumidores? Que tipos de influência e valores são identificados? Quais são as justificativas e críticas que atuam na conformação desse espaço de consumo? Recorrendo ao “como” e “por quê”, travaremos contato com narrativas que conduzem aos dispositivos de construção de valor atuantes nos empreendimentos da terceira onda e responsáveis por conferir sentido às visões de mundo e estilos de vida que ali se estabelecem e atuam sobre o cotidiano.

Palavras-chave: Sociologia dos estilos de vida; Cafeterias de terceira onda; Sociologia do consumo gourmet.